sábado, 29 de outubro de 2011

Diabetes mellitus em cães e gatos

Somente para quebrar um pouco a sequência de postagens sobre primeiros socorros, resolvi abordar um assunto, o qual muitas vezes as pessas não sabem ser possível, e mesmo comum, em nossos animais: Diabetes.
Apesar de ser uma doença mais comum em cães, alguns estudos internacionais apontam um crescimento na ocorrência de diabetes em gatos.Mas, qual o origem desta doença?
A diabetes mellitus é uma doença relacionada à produção ou ao funcionamento de um hormônio produzido pelo pâncreas chamado insulina. Este hormônio é importante pois atua como uma "chave" que possibilia à glicose (açucar) presente no sangue entrar nas células, onde é utilizada como alimento (fonte de energia). Quando há falhas na produção de insulina , ocorre a chamada diabetes tipo I (ou insulina-dependente). Este tipo de diabetes ocorre pela perda da atividade das chamadas células beta, que são responsáveis, no pâncreas, pela produção deste hormônio. assim, o organiasmo torna-se incapaz de produzir sua própria insulina. A diabetes tipo II (não insulina-dependente) se dá por uma redução parcial na produção de insulina ou ainda, pelo surgimento de resistência à ação deste hormõnio. Neste caso, a insulina está presente no sangue, porém as células não respondem a ela como deveriam.
Estima-se 1 em cada 400 cães e gatos seja diabético. Cerca de 60% dos gatos com diabetes mellitus tenham o tipo I e que 40%, o II. No caso dos cães, praticamente 100% dos animais possuem o tipo I.
Sintomas:
Não são muito diferentes os sintomas da  diabetes tipo I e II. Também ocorrem nos animais, caraterísticas clínicas similares aos que ocorrem nos seres humanos:
- Perda peso, apesar de, em muitos casos, se observar um aumento de apetite;
- Ingestão excessiva de água (polidipsia);
- Urina frequente (poliúria);
- Em alguns animais pode ocorrer perda de peso;
- Alterações no hálito, com surgimento de odor similar à acetona, ou odor "químico";
- Adelgaçamento da pele, que fica mais "fina" e "frágil".
Em cães pode ocorrer catarata, e no caso dos gatos, é comum a neuropatia periférica, manifestada principalment pelo enfraquecimento nos membros posteriores, dando ao animal um andar "travado" e cambaleante.
Diversas complicações podem se manifestar, em especial se o animal entra em um quadro chamado de cetoacidose diabética, com vômito, dppressão, colapso, respiração rápida e superficial, coma e morte. Outras complicações como cegueira, insuficiência renal, pneumonia podm ocorrer como complicações.
Tratamento;
O tratamento deve ser realizado em abordagens múltiplas, envolvendo:
  • Alimentação, com utilização de dietas hipoglicemiantes, e rações específicas para animais diabéticos;
  • Medicação, com uso de hipoglicemiantes orais;
  • Injeções de insulina, com uso de hipoglicemiantes orais;
  • Atividade física também é indicada para animais diabéticos, conforme o estado clínico do animal.
O monitoramento rotineiro da glicemia é uma medida importante e necessária para o controle adequado da diabetes. O acompanhamento adequado é fundamentl para se evitar as complicações.
Se você suspeita que seu animal possa estar com diabetes procure o veterinário de sua confiança, ele irá solicitar uma série de exames, os quais, associados à avaliação clínica irá possibilitar o estabelecimento de um bom diagnóstico, possibilitando assim definir o tratamento mais adequado E lembre-se: quanto mais cedo o problema for diagnosticado, mais efetivo será o tratamento e menores serão os riscos de complicações.

Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Primeiros Socorros (Parte 3): Envenenamentos

Envenenamentos podem ocorrer de diversas formas (ingestão, inalação ou absorção pela pele), e causar, conforme o agente tóxico, sintomas extremamente variados. O período que o animal pode levar para manifestação dos sintomas também é variável , podendo ir de poucos minutos vários dias. O envenenamento pode ocorrer ainda de forma intencional ou acidental. 
Dentre os principais produtos causadores de intoxicação em cães e gatos, destacam-se:
Medicamentos:
Muitos medicamentos podem ser tóxicos para animais, e mesmo dentre espécies há raças que podem ser sensíveis a determinados medicamentos. Cuidado, portanto para não dar medicamento por conta própria para seu animal (paracetamol, Ácido Acetil Salicílico (AAS, melhoral,  asprina etc), ivermectina, diclofenaco, ivermectina são apenas alguns medicamentos que podem apresentar elevador grau de toxicidade para seu animal. Portanto, não custa lembrar: NUNCA forneça medicamentos sem orientação médico veterinária e mantenha remédios longe do alcance, não apenas de animais, mas também de crianças; 
Produtos carrapaticidas
Produtos para controle de pulga e carrapato: muitas vezes proprietários não orientados adequadamente ou mesmo por conta própria podem utilizar produtos destinados ao controle de pulgas e carrapatos de forma errada, e isto pode levar a quadros de intoxicação. Pode ocorrer também quadros te intoxicação pela utilização de produtos inadequados (uma vez atendi um cão cujo dono havia utilizado Baygon para combater carrapatos (Por favor não façam isto!). Procure sempre orientação médico veterinária para uso adequado de produtos destinados ao controle de pulgas e carrapatos (saiba mais);
Inseticidas
São comuns os casos em que os animais tem contato com produtos inseticidas após aplicação destes no ambiente. Seja pela ingestão de resíduos dos produtos em bebedouros, vasilhames de comida, ou mesmo pelo contato direto com o produto no ambiente. Por isto tenha cuidado ao fazer uso deste tipo de produto. Procure sempre orientação profissional. Esta é uma medida de segurança para seus animais, para você e para sua família!
Rodenticidas (venenos para ratos)
São também bastante comuns os casos de intoxicação com rodenticidas. Nem, tanto com os produtos mais modernos, pois seu sabor, de um modo geral, e desagradável, porém ainda é comum a prática do uso de produtos como "chumbinho" "mil gatos" e vários outros produtos cuja venda hoje é proibida no Brasil, porém são facilmente encontrados no comércio. A composição destes venenos é muito variável, indo de estricnina (produto altamente tóxico) a misturas de diversos produtos, o que torna estes produtos extremamente perigosos. Não utilize produtos como chumbinho para o controle de roedores, sua efetividade é limitada, pois mata apenas alguns poucos indivíduos, e há um grande risco de envenenamento para animais e seres humanos, em especial crianças. Vale ressaltar ainda que estes produtos são geralmente os utilizados por criminosos nos casos de envenenamento proposital de animais;
Produtos de limpeza
Desinfetantes, detergentes, água sanitária, desentupidores (soda caustica, ácido muriático etc) dentre outro, são substâncias comuns ao ambiente doméstico. O problema que que estes produtos podem se acidentalmente ingeridos por seu animal causando graves danos à saúde. Igualmente ao recomendado para os medicamentos, mantenha produtos de limpeza em local de difícil acesso para crianças e animais
Alimentos
Esta é boa para as pessoas que gostam de dar "comidinhas" para seu animal. Muitos alimentos humanos podem ser tóxicos para os animais: muito cuidado com chocolate, passas, uvas, nozes, cebola, alho... O ideal é oferecer para ração de qualidade, e , eventualmente, algum petisco ou biscoito próprio para animais. Algumas frutas podem entrar no cardápio, porém em pequenas porções (não oferecer frutas cítricas).
Plantas
Algumas plantas ornamentais, tais como comigo-ninguém-pode, espirradeira, babosa (Aloe vera), amarilis, mamona, copo de leite, espada de são jorge dentre outras podem conter compostos potencialmente perigosos para seu animal. O ideal é que, quando da escolha de plantas ornamentais procure se informa sobre os riscos, evitando-se adquirir plantas tóxicas.
Quais os sintomas de envenenamento?
Os agentes tóxicos são muito variados, e portanto os sintomas também o são. De um modo geral, animais envenenados apresentam alguns dos seguintes sintomas:
- Alteração de da consciência (agitação, sonolência e, às vezes, coma);
- Salivação intensa;
- Vômitos;
- Dor abdominal;
- Hemorragias;
- Tremores;
- Dilatação ou contração da pupila;
- Dificuldade para respirar;
- Alteração dos batimentos cardíacos.
O que fazer?
Em primeiro lugar: mantenha a calma!
O procedimento varia conforme o tipo de produto:
- Plantas e medicamento: provoque o vômito;
- Não provoque vômito se: seu animal estiver inconscientes ou se o agente causador for algum derivado de petróleo, ou algum produto cáustico ou corrosivo (para provocar vômito utilize água oxigenada 3%: uma a 5 colheres de café, ou ainda sal de cozinha, 1 a 3 colheres de chá para cães)
- Se o seu animal estiver sujo com o produto ou com o vômito contendo o agente tóxico, banhe-o com água levemente morna e sabão de coco (não utilize sabonete pet com produtos carrapaticidas nem nada do tipo);
- Se houver convulsões, procure manter o animal protegido de  ocasionar auto-lesões se debatendo. Coloque-o em local confortável;
- Procure identificar o agente tóxico. Se tiver embalagem, leve-a com seu animal a um médico veterinário;
- Leve seu animal imediatamente a um médico veterinário. 
- Caso haja suspeita de envenenamento proposital: DENUNCIE! Procure a polícia e faça um boletim de ocorrências.




Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário


Imagem:http://4.bp.blogspot.com/FMPyQCqP7I/Th9Kmh85HtI/AAAAAAAAB4I/4lJgh8ydKrA/s320/socorro_caes_gatos2_116111151513125.jpg

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Primeiros Socorros (Parte 2): Ressuscitação Cardio-pulmonar (RCP)

Colocando a mão na frente da boca e focinho,
tente sentir se o animal respira
Então, após um choque elétrico, atropelamento, queda, afogamento, atropelamento, queda, traumatismos graves, engasgo ou alguma outra condição, você não consegue perceber a respiração de seu animal (pela movimentação do abdome do animal, ou pelo tato, colocando sua mão em frente à boca e ao focinho do animal), ou ainda o mesmo está sem os batimentos cardíacos (a melhor forma de verificar se o coração de seu animal está batendo é colocando a mão sobre o lado esquerdo do peito do animal). O que fazer?
Assim como ocorre com os seres humanos, a ressuscitação cardio-pulmonar é uma medida que pode  salvar a vida de seu animal. 
Verifique os batimentos do coração de seu animal.
Em caso de parada respiratória e/ou cardíaca  você precisa seguir alguns passos:

Passo "A" - Abertura das Vias Aéreas

Se seu animal não consegue respirar, o primeiro passo é manter  as vias aéreas livres para a passagem de ar. Siga os seguintes passos:

I. Cuidadosamente puxe a língua de seu animal para fora da boca (Atenção: mesmo animais inconscientes podem morder! Tenha cuidado ao realizar este procedimento);
Soprando pelas narinas, verifique
se há livre passagem de ar
II. Tente colocar a cabeça de seu animal esticada e  alinhada com a coluna (Atenção: Cuidado para não causar um hiperextensão da coluna em caso de trauma na cabeça ou coluna);
III. Segure a boca de seu animal, mantendo-a  fechada. Sopre fortemente duas vezes pelas narinas, para verificar se há livre passagem de ar;
IV. Se não houver passagem de ar, inspecione a boca de seu animal, procure verificar se há algum objeto impedindo a passagem de ar. Se identificar algum objeto, tente removê-lo.
Como realizar a Manobra de Heimlich em
gatos e cães de pequeno porte 
V. Se há algum objeto que você não consegue remover, proceda à Manobra de  Heimlich: Para cães pequenos e gatos, segure-o com as costas junto a seu corpo e pressione firmemente a caixa torácica para que ele possa expelir o objeto. Para animais de grande porte, segure-o pelo abdomem, envolvendo-o com ambos os braços e pressione firmemente e pressione com firmeza para promover a expulsão de algum corpo estranho das vias respiratórias. 
Manobra de Heimlich em animais
de médio e grande porte
VI.  Proceda novamente o procedimento descrito no item III. Se  a passagem de ar estiver desobstruída vá para o o passo "B", caso contrário repita a Manobra de Heimlich.

Passo "B" - Boca / Focinho (respiração)


Vias respiratórias livres,é hora de fazer respiração mecânica no seu animal. Para isto basta repetir o item III do passo "A", na velocidade de 1 expiração a cada 5 segundos (12 expirações por minutos). Após cada expiração feita, comprima o abdome do seu animal para esvaziar o pulmão (1 respiração boca/focinho => 1 compressão abdominal). Cuidado para não inflar excessivamente o animal (em especial se for de pequeno porte), e caso constate obstrução retorne ao passo "A". Caso as as vias aéreas estejam livres, concomitantemente proceda com o passo "C".


Passo "C" - Circulação


Proceda então, caso haja parada cardíaca, à massagem. Muitas pessoas acreditam que a massagem cardíaca serve apenas para fazer o "coração voltar a bater". É verdade que o estímulo da massagem pode possibilitar o retorno dos batimentos cardíacos, porém o papel mais fundamental da massagem cardíaca é possibilitar a circulação do sangue. Cada vez que se massageia o coração, ele se "esvazia ", lançando sangue na circulação,   e se enche em seguida, mantendo o sangue circulando. Com isto, reflexamente, ele pode voltar a bater (o que nem sempre ocorre!).
I. coloque o animal em decúbito lateral , com o lado esquerdo voltado para cima;
II. Coloque a palma da mão sobre o coração do animal, no caso de cães pequenos e gatos, pode utilizar a ponta dos dedos;
III. Faça uma pressão rápida e firme, e em seguida solte. Proceda  esta ação na velocidade de        na velocidade de 15 compressão em um espaço de tempo estimado de 10 segundos alternadas com 2 respirações boca/focinho (lembrar de após cada expiração, comprimir o abdome de seu animal).
O esquema fica, mais ou menos, da seguinte forma: 1 respiração boca/focinho => 1 compressão abdominal / 1 respiração boca/focinho => 1 compressão abdominal / 15 massagens cardíacas  em 10 segundos / 1 respiração boca/focinho => 1 compressão abdominal ...
Massagem cardíaca
Continue realizando estes procedimentos durante o trajeto até a clínica ou até a chegada de um veterinário. 


Se não houve como levar se animal a um veterinário, não conseguiu entrar em contato com algum, ou demore a chegar,  a ausência de respiração e batimentos cardíacos espontâneos após 30 minutos, as chances de seu animal são praticamente nulas.


Só para lembrar: tratando-se de seres humanos, os estudos mais modernos colocam como prioridade a massagem cardíaca, antes mesmo da respiração "boca-a-boca". Para saber mais sobre reanimação cardiopulmonar em seres humanos acesse: http://www.cb.ce.gov.br/index.php/listanoticias/14-lista-de-noticias/609-reanimacao-cardio-pulmonar-


Juracir Bezerra Pinho
Médico veterinário




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domingo, 16 de outubro de 2011

Primeiros socorros (parte 1): Aspectos gerais

São muitas as circunstância nas quais o seu animal pode necessitar de cuidados imediatos. A estes cuidados chamamos de primeiros socorros. Este é o primeiro de uma série de posts nos quais procurarei  descrever os procedimentos básicos de primeiros socorros para cães e gatos. Serão dicas simples, porém poderão salvar a vida de seu animal. E sempre vale lembrar: após os primeiros socorros, seu animal invariavelmente irá necessitar de avaliação e acompanhamento veterinário.

Para começar vamos a 3 regrinhas gerais:


1º Mantenha a calma: O desespero pode levar o proprietário a tomar medidas prejudiciais à saúde e colocar em risco a vida do animal.


2º Você não vai conseguir ajudar seu animal, ou qualquer outro animal, se você também estive necessitando de socorro, portanto, se sua saúde ou integridade se encontra em risco, preserve-se. Se necessário, remova o animal para local seguro. Esta dica é válida por exemplo, em caso de atropelamentos, quando, prestar socorro ao animal no meio da rua pode colocar sua vida, a do animal e a segurança do trânsito em risco, ou ainda em casos de choques elétricos: desligue a corrente elétrica antes de tentar salvar seu animal. Incêndios, desmoronamentos e outras circunstâncias de alto risco exigem precaução extrema dos proprietário ou da pessoa que está tentando salvar um animal..

3º Entre em contato com seu veterinário: ele vai lhe orientar adequadamente sobre o que fazer para a situação específica em que seu animal se encontra.


Emergência X Urgência


Muitas pessoas não sabem diferenciar um caso de emergência para urgência! Sim, se você não sabia emergência é diferente de urgência.


Emergência é uma condição em que há risco eminente à vida de seu animal,. havendo necessidade de atendimento imediato ( por exemplo: hemorragias, parada cardíaca e/ou respiratória, envenenamento, atropelamento, choque elétrico, etc)


Urgência são casos de menor gravidade, que podem aguardar um pouco por atendimento, porém, este atendimento deve ser realizado antes que haja complicações mais graves (vômito e/ou diarréia, convulsões, infecções de útero (piometra), convulsões etc)


Como manuser um animal ferido, machucado ou doente?

Atenção: animais feridos, doentes, com medo e/ou, confusos podem morder, mesmo seu cãozinho ou gato, dócil e amável normalmente, pode, em caso de injúrias lhe morder ou arranhar. por isto tenha todo cuidado.

Como amordaçar um cão
  • Não abraçe um animal ferido. Esta atitude, muitas vezes adotada pelos proprietávios visando dar conforto ao animal pode fazê-lo sentir ainda mais dor, e pode lhe expor a uma mordida ou arranhadura, além de, dependendo do caso, agravar a condição do animal;
  • Qualquer manuseio deve ser feito lenta e gentilmente. Em caso de agitação ou demonstração de desconforto, para imediatamente;
  • Se necessário, e apenas se seu animal não estiver vomitando e sem dificuldade de respirar, faça uma mordaça. Isto irá reduzir os riscos de você ser mordido e faciclitará o atendimento do seu animal quando de sua entrada na clínica veterinária.
    • Cães podem ser amordaçados com fitas, gravatas, tiras de tecido, corda macia ou outro produto que não cause lesão ao seu animal (nunca utilizar arames nem fios!)
    • Gatos ou cães de focinho curto podem ser, gentilmente, envoltos em um lençol grosso ou fronha, cobrindo-lhes também os olhos. Com isto você evita movimentação, agressão, e oferece conforto ao animal, porém, tenha sempre cuidado para que não haja prejuízo à respiração e ao bem estar do animal.
    Lembre-se: NUNCA amordace um animal que esteja vomitando!
  • Se possível, e em especial, se houver sangramento, ou fratura, procure estabilizar o quadro com uma bandagem.
  • Durante o transporte, procure restringir o espaço do animal, para evitar  danos adicionais. Em caso de inconsciência ou trauma, procure transportá-lo deitado, lateralmente, com a área mais afetada voltada para cima.  Se possível, utilize caixa de transporte. No caso de transporte de animais deitados, procure apoiá-lo sobre uma superfície firme (tábua, porta etc).  
Nos próximos posts, detalharei algumas orientação gerais para situações específicas. Fique atento, sua atitude pode salvar a vida de seu animal.




Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário




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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Carrapatos e pulgas: conheça estes inimigos!

Coceira! esta, geralmente, é a primeira manifestação de infestação por pulgas e carrapatos. Mas este não é o problema mais grave dentre os muitos provocados por estes parasitas, pois estes são causadores diretos e transmissores de muitas doenças. Vamos então conhecer um pouco estes vilões e os riscos que eles oferecem ao seu animal de estimação.

CARRAPATOS:

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, carrapatos não são insetos, mas aracnídeos, ou seja, fazem parte da mesma classe das aranhas, escorpiões e ácaros!

A picada do carrapato não é dolorosa, porém, frequentemente causa coceira intensa. Sua percepção do pelo proprietário geralmente se dá pela observação da coceira, ou mesmo pela visualização do parasita no animal. 

No seu ciclo de vida, o carrapato passa por 3 estágios: larva, que dura cerca de um ano,  ninfa, fase que dura de 3 a 4 semanas, e finalmente, o adulto, que vive cerca de um mês. A cada estágio, o parasita precisa passar algum tempo no animal, se alimentando, e, após este período de repasto, retorna ao ambiente. As fases parasitárias, de um modo geral, correspondem a aproximadamente 10% da vida do carrapato, estando o parasita, no restante do seu ciclo de vida, no ambiente!

Além da coceira, grandes infestações podem levar a quadro grave de anemia, além de serem os carrapatos transmissores de graves doenças para seus animais tais como babesiose, erlichiose dentre outras, algumas inclusive graves para seres humanos, como a doença de Lyme e febre maculosa.

PULGAS:

As pulgas sim, são insetos, porém não alados. São capazes de saltar até 200 vezes o tamanho de seu corpo!

No seu ciclo de vida passam por diversos estágios de desenvolvimento. A fêmea adulta põem até 50 ovos por dia. A incubação pode variar de 2 a 200 dias, podendo variar conforme as condições climáticas e ambientais, espécie de pulga, dentre outros fatores. Após este período, eclodem as larvas, as quais sobrevivem no ambiente por duas a três semanas. Após este período a larva produz a pupa (casulo), dentro da qual se desenvolverá uma pulga adulta. Nesta forma, ela irá aguardar a presença de um hospedeiro, que pode ser um cão, gato, coelho, ou mesmo uma pessoa. As pulgas adultas podem sobreviver dentro do casulo por um ano. Acredita-se que para cada pulga no seu animal existam outras 10 se desenvolvendo no ambiente.

Dentre as doenças mais comumente relacionadas à infestação por pulgas temos da DAPP (dermatite alérgica à picada de pulga) que é essencialmente uma reação alérgica a proteínas presentes na saliva da pulga e que são injetadas no seu animal quando da picada destes parasitas. Animais com DAPP apresentam, clinicamente sintomas como coceira intensa, queda de pelos, feridas, descamação. Esta reação pode ocorrer mesmo em infestações muito baixas, nas quais muitas vezes nem mesmo se consegue localizar a pulga no animal.

Outros problemas relacionados à presença de pulgas estão a transmissão de vermes (Dipylidium caninum), anemia, stress (dado pela coceira intensa) havendo ainda a possibilidade de transmissão de alguns vírus. Pode ocorrer ainda de transmissão de doenças, que mesmo raras, são graves para os seres humanos, como é o caso da peste bubônica (transmitida pelas pulgas de ratos) e tifo murino.

COMO ELIMINAR PULGAS E CARRAPATOS?

Como vimos, pulgas e carrapatos não estão apenas no seu animal, eles estão também no ambiente, portanto tratar apenas o animal geralmente tem baixa eficácia e favorecem novas infestações.

Para tratar um animal que já apresente infestação por pulga e/ou carrapato é importante que este seja examinado por um médico veterinário, principalmente em função do risco de ocorrência e transmissão de outras doenças. Nesta consulta ele irá orientar sobre o produto mais adequado. Cuidado: os produtos utilizados são geralmente tóxicos e poder causar danos à saúde de seu animal! 

Algumas medidas são importantes não apenas para a efetividade de qualquer tratamento, mas também para a prevenção, tais como:

- Mantenha seu cão, se de pelo longo, sempre tosado, e escovado;

- Inspecione, no mínimo, a cada 15 dias seu animal para identificar a presença de carrapatos e/ou pulgas;

- Utilize produtos de qualidade no tratamento, e utilize produtos de forma preventiva (coleiras, sprays, talcos etc) mensalmente ou a cada 3 meses, conforme orientação de seu veterinário;

Lavar com freqüência cobertores, panos e roupas dos animais;

- Manter o local em que eles vivem sempre limpos, livres de entulhos;

- Se há infestação, informe-se também sobre a utilização de produtos no próprio ambiente associado ao tratamento de seu animal;

- Evite tapetes e carpetes, pois são locais ideais para a proliferação de pulgas e carrapatos;

- Em caso de cruza, faça aplicação preventiva de produtos contra carrapato e pulgas em seu animal e exija o mesmo do proprietário do outro;

-Mantenha seu jardim e quintal limpos e livres de entulhos;

E mais uma vez, não custa lembrar: em caso de dúvidas, procure um veterinário de sua confiança.


Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário 

Imagens: 
www.destaquesp.com/images/stories/canais/animais/saude_animal
www.promeris.com.br







sábado, 8 de outubro de 2011

Uso de anticoncepcionais em cadelas e gatas

Com grande frequência pessoas me fazem perguntas do tipo: 
- Com que idade eu posso aplicar injeção na minha cadela (ou gata) para ela "não pegar cria"  "não emprenhar" ou "não engravidar"?
ou
- Minha cadela (ou gata) teve filhote há "tantos dias" quando eu posso aplicar injeção para ela ...?

Infelimente o uso de anticoncepcionais é uma prática comum,e,  para a mioria dos proprietários, é uma medida  "barata", cômoda e segura, porém na realidade não é bem assim!

Os anticoncepcionais são encontrados no mercado pet, principalmente na forma de comprimidos ou, mais frequentemente, injetáveis, estes chamados de "vacinas" pelos proprietários. Geralmente são comercializados sem prescrição, e aplicados por balconistas ou pesoas sem nenhuma capacitação. E o barato sai caro!

O que muitas pessoas não sabem, é que há uma período "adequado" para a aplicação (entendam, mesmo no período "adequado" há sérios riscos para a saúde de seu animal), e a definição deste etapa, nem sempre é tão fácil de ser definida, especialmente em gatas. Não raramente, as pessoas aplicam estes produtos quando o animal já se apresenta em cio, fase na qual a efetividade é bastante limitada e sua ação danosa se torna mais grave. Em gatas, muitas vezes, a aplicação é realizada quando estas já se encontram prenhes, e em praticamente na totalidade dos casos, ocorre a morte dos fetos e o desenvolvimento de infecções o que pode inclusive ocasionar a morte do animal.

São também comuns os problemas relacionados ao desenvolvimetno de tumores, diabetes, obesidade dentre outras decorrentes do uso dos anticoncepcionais.

Por estas e outras razões que vivencio no dia-a-dia da clínica é que a minha resposta para as perguntas citadas no início deste post é sempre: NUNCA!

Mas então, se não posso aplicar anticincepcional, como evitar uma cria indesejada?

A forma mais  eficiente para se evitar todos este inconveniente é a castração. Compreendo o temor de muitos proprietários, afinal todo procedimento cirúrgico tem um certo risco, porém, as vantagens são inúmeras, e o risco, apesar de existir, é mínimo.

Dentre as muitas vantagens oferecidas pela castação temos:

- Quando realizada antes do primeiro cio, há redução em torno de 98% do risco de desenvolvimento de tumores de mama;

- Redução dos riscos de infecções de útero;

- Eliminação do risco de transmissão de doenças por via venérea;

- Inibição de comportamento de cio (vocalização, em especial nas gatas).

Há ainda o mito de que animais castrados engordam. Fato: isto pode ocorrer, porém este problema pode ser previnido com atividade física e controle de alimentação.

Quanto à idade ideal para a realização do procedimento, recomenda-se que seja realizado, preferencialmente, entre 5 e 6 meses de idade, podendo, no entanto,pode ser realizado a qualquer tempo após este período, principalmente, em função do desaconcelhamento de gestação em animais  com mais de 8 anos, porém, os benefício são mais evidentes se o procedimento for realizado antes do primeiro cio.

Portanto, a castração é uma medida que oferece grandes vantagens para a saúde e para o bem-estar de seu animal. Pense nisto, e, em caso de dúvida, procure um médico veterinário de sua confiança.


Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário

Imagem: http://f.i.uol.com.br/folha/bichos/images/0906384.jpg